Deixa-me permanecer aqui. Recuso o barulho, a confusão, os sorrisos falsos de amigos incógnitos que dão sempre a mão naquelas alturas e que depois ausentam-se e se vão como um vão sopro na vidraça em dias de Inverno. Não, não quero constranger alegrias nem forjar histórias com finais felizes. Não, eu não aguardo o conto de fadas, mas confirmo que todos temos os pozinhos mágicos na palma da mão. Deixa-me permanecer aqui, no fundo do meu mundo que a solidão tem temor de sair do pé de mim. Familiarizou-se à minha presença e não me quer largar a mão. Não me intentes arrastar para longe do que achas ser feroz para mim, não. Senta-te, comigo. Abraça-me e dá-me a mão. Alegra-me com a tua essência doce e chama-me nomes tocantes. Faz-me brilhar só de te olhar e ganhar gordas lágrimas doces com o carinho com que dizes o meu nome. Manda-me silenciar porque queres ouvir o meu silêncio.. E eu a ti, mais que o outro, alguém, cumprirei. Faz-me cócegas até eu tombar do banco e depois diz que sou fraquinho. Deixa-me corar e virar a cara e depois, bem devagarinho, abraça-me outra vez. Talvez assim, a solidão tenha inveja e se vá embora...